Muitas coisas atrapalham o desenvolvimento do homem. Não me refiro aqui ao desenvolvimento intelectual, mas ao desenvolvimento do seu Eu, da sua consciência cósmica. Primeiramente, vamos combinar que a humanidade de uma forma geral, sequer sabe que tem algo em si mesmo que precisa ser desenvolvido e que esse algo é o fator determinante de sua bem-aventurança ou desventura; que esse algo é, acima de tudo, a sua verdadeira identidade.
Mas creio que deva existir uma razão para ser assim. Deve haver um - ou muitos - motivos para que o homem se comporte desta forma. Raciocine comigo: a falta de conhecimento pode ser um fator que ainda mantém o homem escravo da consequência de seus próprios atos, certo? Mas não é a falta de um conhecimento qualquer; é a falta de um conhecimento muito específico, o conhecimento de si mesmo. Mas o que é que pode impedir o homem de olhar para dentro de si mesmo?
Em minha experiência, cheguei à constatação de que o homem nunca foi ensinado de que ele é o senhor da sua própria vida, de que é ele quem determina o seu futuro através de suas ações. Em contrapartida, até hoje a humanidade acredita que seu futuro depende de uma intervenção divina, pois o ensinamento de todos os grandes mestres foi deturpado ao longo das eras.
Um exemplo desta deturpação diz respeito ao conceito de pecado. Originalmente, pecador significava aquele que se desviou do caminho da harmonia. Algo muito parecido com o conceito do taoísmo de que a felicidade do homem consiste em seguir o fluxo natural das coisas, que automaticamente nos remete aos preceitos budistas do agir com retidão.
Porém, este conceito hoje, se vulgarizou de tal forma que entendemos o pecado como uma afronta aos desejos divinos, um desaforo, um desagrado à Deus; como se Deus fosse um humano mesquinho que precisasse ser agradado.
Logo, vamos perceber que o pecado como é entendido hoje está intimamente relacionado ao sentimento de culpa e a culpa conduz ao medo de ser castigado. Vamos entender que esta visão pode ter tido lá sua função em outra época, mas convenhamos que não serve mais àquele que busca algo a mais sobre si mesmo.
Aquele que já desenvolveu um pouco de sua intuição cósmica sabe que não precisa agradar nenhuma entidade externa, mas que a divindade suprema reside em si, em sua própria natureza e que é a esta sua natureza divina que você deve servir com todo o fervor. O homem um pouco mais desperto sabe que a grande consciência cósmica não seria egoísta a ponto de criar tudo isolado de si e permanecer à parte de sua criação para julgar a sua própria criatura.
Este conceito precisa ser revisto. Já é tempo de o homem perceber que toda a perfeição que ele projeta em uma entidade divina é apenas um reflexo de uma perfeição que já existe em estado dormente em si próprio, bastando apenas desenvolvê-la. Esqueça a culpa e o medo, ninguém vai nos julgar pela nossa própria ignorância. Mas por favor, jamais esqueça que somente você é o responsável pela sua felicidade ou infelicidade, que céu e inferno são estados de consciência. Harmonize-se com sua própria essência e o Universo responderá na mesma altura. Não há nenhum “mistério divino” nisso.
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