Dizem que o primeiro amor é aquele de infância que a gente nunca esquece, será?

Se a afirmação “o primeiro amor a gente nunca esquece” estiver mesmo certa, for algum tipo de regra, eu, para variar, não a sigo. E não é que eu queira ser uma pessoa diferente, nada disso. Sou até bem normal. Com um pouco de açúcar e drama em medidas (maiores e mais intensas), confesso... Mas fora isso, sou uma pessoa bem normal. Nem melhor, nem pior que ninguém.

Esses dias mesmo perguntei para uma amiga e outra sobre esse tal primeiro amor. E se digo tal primeiro amor é porque acho que o desconheço. Dizem que é aquele amorzinho de colégio, que você anda de mãos dadas pelo corredor ou aquele garanhão da sala que você adora e nem liga para você. O tal primeiro amor pode ser correspondido (ou não). Talvez o primeiro amor possa ser o vizinho de porta, de janela, de sacada.

Que você vai na casa jogar vídeo game, toma suco de laranja, come traquinas de chocolate.
Talvez o primeiro amor seja o coleguinha da crisma. Que ficou ainda mais bonito com uma roupa social e gel no cabelo. Daí, você fica super feliz por seus pais fazerem vocês tirar fotos juntos e de mãos dadas.

Talvez primeiro amor seja aquele cara que você conhece na balada. Que conquista você com sorrisos, danças e um beijo de perder o fôlego. Ele faz com que aquela noite seja única e faz você se sentir a menina mais bonita daquele lugar. Mal sabe ele que você nunca tinha beijado na boca. Se não foi o primeiro amor, com certeza foi o primeiro beijo.

Talvez o seu primeiro amor tenha sido aquele que você beijou no jogo de verdade ou desafio, no esconde- esconde, no pega-pega, no gato mia ou ainda, no comigo não morreu.

Mas, talvez você não tenha tido um primeiro amor como dizem por aí. Aquele que fez suas mãos suarem, seu estômago borbulhar como borboletas, as pernas tremerem e o coração querer sair pela boca.

Se você tivesse vivido isso lembraria, não é mesmo? Sim. Não. Talvez. Quem sabe.

Minha visão sobre o primeiro amor é um pouco mais complexa e provavelmente mais abrangente. Por que raios eu não consigo ver as coisas como todo mundo?

Entendo como primeiro amor, quando do fundo do seu coração nasce a vontade de dizer “eu te amo”. Quando você pensa numa pessoa 24 horas do seu dia e não a esquece nem nos sonhos.

Quando você deixa de fazer algumas coisas por você e começa a fazer pelo outro. Quando a felicidade da outra pessoa é a sua felicidade e a tristeza dela é a sua tristeza.

Quando essa pessoa tem defeitos que você não aceitaria em ninguém, mas que nela, parecem ser menores. Ou o defeito não era tão grande assim ou o amor é grande o suficiente para aceitar conviver com ele.

Quando uma pessoa te leva do céu ao inferno, do café ao açúcar e faz com que seu relacionamento seja o melhor do melhor do mundo em ser intenso.

Talvez o primeiro amor não seja necessariamente aquele de infância, que a gente nunca esquece. Talvez o primeiro amor seja aquele que você sinta, viva e saiba lá no fundo do peito que aquele amor não é do conto de fadas, dos romances do Nicholas Sparks ou de uma novela qualquer.

Primeiro amor é ter medo de perder, é querer por perto, é gostar do toque, é ter química. É falar o tempo inteiro, ficar em silêncio e depois arrumar assunto de novo. É ser melhor amigo, cúmplice, amante.

Primeiro amor é ter uma saudade do tamanho do mar e sentir um amor do tamanho do mundo. É ficar por vezes cego, surdo e mudo. E no instante seguinte, ver, ouvir e falar.

Primeiro amor é isso que eu vivo e sinto. Ora não faz sentido nenhum, outrora faz todo sentido. Talvez para você o conceito de primeiro amor continuará sendo diferente, mas para mim amor é isso, o que eu sinto, vivo e guardo aqui do lado esquerdo do peito.

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