Abuso Moral

Muito se fala sobre os vários tipos de abusos que uma pessoa, criança ou adulto, pode ser vítima. O abuso sexual é o mais conhecido pela forma violenta e traumática que apresenta. Porém podemos perceber que todas as formas de abuso são violentas e agressivas. 

Por abuso moral vamos entender aqui, principalmente, a manipulação e o vampirismo emocional. Os abusadores são aqueles tipos de pessoa acima de qualquer suspeita, porém com um histórico emocional complicado, como separações, abandonos na família ou, eles mesmos, terem sido vítimas de abuso moral. A pior característica desse tipo de situação é seu caráter velado, inocente, que ataca como algo sutil e despretensioso. Por vezes pode passar somente pelo jeito da pessoa.

As maiores vítimas são as mulheres. Principalmente com relação aos seus parceiros amorosos. São manipulações verbais que, de alguma maneira, tentam deixar o abusado cada vez mais acuado e com a autoestima baixa. As críticas são veladas e escondidas, nunca colocadas de forma realmente agressiva e, quando a pessoa se defende, o abusador tende a colocar a culpa daquilo na própria pessoa. Você está louca? Eu não estou dizendo nada, só a verdade. A pessoa se sente obviamente confusa e não sabe mais em quem acreditar.

Essa manipulação é uma maneira do abusador se sentir seguro perante o outro. Se a vítima não se sente mais capaz e bem com relação a si mesma fica muito mais fácil de ser controlada, não é mesmo? Podemos ver esse comportamento em mães ou pais muito apegados aos filhos, por exemplo. Eles usam de artifícios para deixar a autoestima da criança ou do adolescente cada vez mais frágil e, assim, serem extremamente necessários num momento de crise ou de escolhas, criando adultos inseguros e articuláveis. As famosas frases mas eu só faço isso para o seu bem são as melhores justificativas para eles que, de fato, acreditam nisso.

O comportamento de abuso moral é uma epidemia numa cultura como a brasileira, principalmente com relação à criação dos filhos. Mas isso pode passar para outras esferas, como a relação amorosa.

Na relação amorosa ela se manifesta também através de pequenas críticas que, com o passar do tempo, tornam-se cada vez mais corriqueiras. Elas podem, inclusive, aparecer sobre a forma de brincadeira, como chistes. Mas abalam emocionalmente e causam dúvidas do tipo será que é mesmo verdade numa coisa que a pessoa sempre soube ser o contrário.

Não podemos descartar o caráter sadista do abusador moral e o caráter masoquista do abusado. De fato, as vítimas se deixam levar por possuírem, elas mesmas, as suas inseguranças. Como todo abusador é basicamente inteligente, ele nota facilmente seus pontos fracos e passa a atuar exatamente em cima desses pontos, o que cria uma cruel bola de neve.

A primeira coisa para se livrar de um abusador moral é identificar o problema, o que de fato pode ser o mais difícil. Seu companheiro ou companheira costuma elogiar você? Quando isso acontece, como? Ou será que as críticas são sempre maiores e mais relevantes? Se alguém já cantou a bola fique de olho. Muitas vezes as pessoas ao redor observam uma coisa mais facilmente do que a gente mesmo. Assim que identificado o problema é preciso fortalecer a sua autoestima. Perguntar-se porque a coisa chegou naquele ponto, como isso aconteceu? Quais são, de fato, as suas inseguranças com relação ao abusador? Medo de perder? Medo de não ser mais aceito? Faça essas perguntas e si mesmo e responda sinceramente. Lembre-se que isso pode estar levando a sua vida a um estado insuportável, que pode até mesmo gerar pânico e depressão.

Com as crianças é a mesma coisa. Perceba se você, ou alguma outra pessoa, faz isso com seu filho ou com alguma outra criança que você conheça. Converse com a criança para saber como está a sua autoimagem e, se necessário, procure ajuda especializada.

Não podemos mais deixar que esse tipo de coisa aconteça. Respeito é bom e todo mundo gosta.

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