As Bruxas na Mitologia Grega - Parte 2

Medéia era uma feiticeira por natureza. Filha do rei Eetes da Cólquida é bem conhecida por ter matado seus filhos em vingança contra a traição de seu marido Jasão.

O herói Jasão, filho de Esão e de Polímede ou Alcímede precisava do velocino para recuperar o trono que lhe pertencia por direito. Ele vai juntamente com os argonautas para Cólquida e o rei Eetes lhe impõe algumas provas para lhe dar o velocino. Apaixonada por Jasão, Medéia o auxiliou na fuga raptando o próprio irmão, o príncipe Absirto herdeiro do trono. Em fuga pelo mar e perseguidos pela esquadra do rei, Medéia esquartejou o próprio irmão lançando seus pedaços ao mar para salvar Jasão e os Argonautas. Enquanto o rei de Cólquida recolhia os pedaços do seu filho, a nau Argos fugiu.

Jasão então se casa e tem dois filhos com Medéia. Quando retornaram a Iolco, mesmo trazendo o velocino de ouro Pélias (tio de Jasão) se recusou a entregar o trono. Assim Medéia tramou matar Pélias, convencendo as filhas dele a esquartejá-lo e colocá-lo num caldeirão e assim ele rejuvenesceria. Por causa disso, Medéia e Jasão são expulsos e vão para Corinto. Viviam em paz em Corinto, quando o rei Creonte concebeu a ideia de casar sua filha Glauce com o herói. Jasão, que aceitou o enlace real e repudiou Medéia, que foi banida de Corinto pelo próprio soberano. Repudiada e cheia de ódio, Medéia enviou um vestido mágico para a amante de Jasão, cujo tecido impregnado de veneno matou Glauce. 

Medéia assassinou os próprios filhos no templo de Hera e, num carro alado, presente de seu avô Hélio, o Sol, fugiu para Atenas. Em Atenas, Medéia casou com o rei Egeu e dessa união nasceu o filho Medo. Egeu era pai de Teseu mas não conhecia o filho. Quando Teseu chegou, Medéia tentou envenená-lo, mas Egeu descobriu a trama e impediu que o filho fosse assassinado. Medéia foi expulsa do seu reino e nada mais lhe restava senão retornar para Cólquida. Quando Medéia descobriu que seu pai havia sido deposto do reino e morto por seu tio Perses, Medéia e Medo expulsaram Perses. Recuperando o trono, Medo se tornou rei.

Jasão foi considerado indigno de ocupar o trono e foi deposto pelo povo. As filhas de Pélias, orientadas por Medéia, ressuscitaram o pai que reassumiu o trono. Mas a profecia de Medéia se cumpriria: quando Jasão inspecionava as obras de manutenção em sua nave Argo, morreu sob o peso de uma viga de madeira que despencou de um mastro e esmagou sua cabeça.

Medéia, em tudo que fazia, sempre colocou a paixão como fio condutor de suas ações. É a mulher demoníaca, a feiticeira, que devora o homem. Mas ela também é citada com poderes de cura. Héracles, vítima de loucura mais de uma vez, foi curado segundo uma variante, por Medéia.

Alguns mitógrafos posteriores, julgam que a ideia da conquista do precioso velocino fora sugerida ao herói pela deusa Hera que, profundamente irritada com Pélias, porque este não lhe prestava as honras devidas, queria encontrar um meio de trazer Medéia, a fim de que a mágica o matasse.

Medéia enquanto lado negativo da bruxa representa o feminino esquecido e rejeitado. O feminino não lida bem com a rejeição e o esquecimento. O caso da deusa Hera que se sentiu ofendida por ser esquecida é um traço marcante de todas as deusas do Olimpo – Afrodite perseguiu Psique quando os homens se esqueceram dela e passaram a adorar a mortal, Artemis, Demeter e Atena também puniram esquecimentos e desprezos. É um comportamento atávico e primitivo do feminino.

Uma mulher como Medéia que deixa família, pátria, sonhos para trás se torna vingativa quando não é correspondida em sua lealdade. Esse complexo faz com que a mulher passe o tempo todo temendo a perda do amor do marido e a perda do poder, pois ela projetou todas as suas realizações no marido. 

Um complexo de Medéia também é visto na alienação parental, quando ocorre o divórcio. Esse tipo de comportamento leva os filhos à morte em vida. Uma mulher tomada pelo complexo pode usar os filhos para incitar ódio, vingança e ciúmes, chegando a atrapalhar o novo relacionamento do ex-parceiro.

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