Por que mudamos tanto de humor? Por que não conseguimos sair do turbilhão mental e dos altos e baixos das nossas emoções? Podemos entender isto, se percebermos que vivemos com as marés das mudanças naturais, e que esquecemos que existe dentro de nós um centro de paz imperturbável. É possível viver num estado de equilíbrio interior, surfando nas ondas das mudanças, sem nos deixar perturbar com o que acontece fora de nós.
Por mais agitada que seja a superfície do mar, no abismal encontramos outro estado de vida. Uma pedra cai agitando as espumas, mas o fundo permanece tranquilo.
Para encontrar esse lugar de serenidade dentro de nós, precisamos fazer o exercício de observação da mente, e promover um momento diário de reencontro. Parar, respirar com a consciência, voltar-se para dentro, observar tudo o que passa, sem nos apegar, sem rejeitar, apenas observando. Podem ser apenas alguns minutos, mas serão minutos valiosos, que levarão qualidade a todas as nossas atividades.
Aquela qualidade do intervalo, da pausa, do silêncio, onde melhor se pode contatar o mistério. Para mantermos nossa qualidade de energia precisamos trabalhar para o equilíbrio diário das energias que atuam nos corpos.
As correntes de vida fluem através de nós. Tudo é movimento e mudança na natureza. As energias circulam, assim como as informações, as sensações. A mudança é inevitável, as oscilações são próprias da vida. O problema é resistir a ela, é se apegar. Pois o apego, por sua vez, gera o medo da perda.
Assim se origina o sofrimento humano: da negação da mudança e da fantasia da separatividade.
Mas naufragar, dizem os bons navegantes, é não partir. O único lugar seguro, o verdadeiro lar, é dentro de nós. Fora encontramos lugares de pouso, onde o peregrino se refaz para a trilha, só para dar mais um passo.
Encontramos portos para abastecer nossas embarcações, para então tornarem a seguir o caminho do mar. Não é a mesmice que nos trará equilíbrio, mas é a capacidade de sermos criativos, e usarmos a mudança para nos reinventarmos. Caminhando com a qualidade da consciência, do silêncio, do encontro interior. Já disse o sábio: - Não tenha pressa, aonde tem que ir, é a ti. – É possível viver nessa vida de constante mudança com qualidade de energia, equilíbrio interior e bom humor. Esta qualidade de consciência e equilíbrio depende apenas do autoconhecimento e da autogestão.
É do nosso interior que vem a fortaleza e a sabedoria para lidarmos com as mudanças e os desafios que enfrentamos no dia a dia. Podemos nos imaginar numa carroça puxada por três cavalos.
Os cavalos são os corpos físico, emocional e mental, e o nosso trabalho é segurar firme as rédeas destes cavalos, orientando-os na direção certa. Assim é que acontece com nossos veículos físicos e psíquicos, que precisam do nosso controle e orientação para não se perderem.
O ego é o melhor empregado, mas o pior patrão. Deixá-lo no comando é viver na montanha russa, no turbilhão, é se perder. Mas quando colocamos o ego a serviço da Alma e da Consciência, ele apresenta suas melhores qualidades.
Temos assim nossa energia concentrada e direcionada para o destino do Ser. Mas além do autocontrole dos nossos cavalos, dos nossos veículos, precisamos estar atentos ao que se passa ao nosso redor, que também nos afeta. É comum nos deixamos influenciar pelas energias das outras pessoas e dos lugares por onde passamos. Nossa qualidade de energia depende de uma constante atenção, para diferenciar o que é a minha energia, e o que é a energia do outro.
O que é o meu pensamento, o que é o pensamento do outro. É por isso que mudamos tanto de humor e nos sentimos tão desvitalizados no cotidiano.
Não estando conscientes da nossa própria energia, acabamos por captar o que não nos pertence. Assim perdemos totalmente o autocontrole; perdemos a cabeça. A qualidade de energia diária e o equilíbrio que tanto almejamos, depende de uma dedicação a cultivar o Ser, nosso núcleo de paz interior. E também é preciso perceber as energias e informações que circulam em nós, e a criatividade para pô-las em marcha ou transformá-las.
Abarcando aí todos os desequilíbrios, sobressaltos, crises, sintomas, que apontam a Vida Maior, que nos atravessa enquanto nós caminhamos.
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