A violência que habita em nós

Gritar, esbravejar e xingar são atos de violência, por mais que muitas vezes não consideremos assim. Quem nunca se irritou com algo que jogue a primeira pedra. Mas aqui não estou falando apenas de irritação. Estou falando do ato de agredir, de bater, xingar etc. Esses são atos que podemos não perceber como violentos, mas que, na maior parte das vezes, são gerados pela violência que sofremos na nossa infância, por traumas familiares ou traumas na nossa infância e adolescência.

A psicanálise, desenvolvida por Freud, nos ajuda a compreender como experiências passadas, especialmente aquelas ocorridas na infância, podem influenciar profundamente nossa psique e nosso comportamento na fase adulta.

Aqui, um conceito da psicanálise se faz fundamental, que é o do "inconsciente". Nossa mente inconsciente contém pensamentos, emoções e desejos que não estão conscientemente acessíveis. Os traumas familiares podem ser empurrados para o inconsciente como uma forma de defesa, mas continuam a influenciar nossos pensamentos, sentimentos e comportamentos.

Traumas familiares podem deixar marcas duradouras em nosso inconsciente. A violência física ou emocional, negligência, abuso sexual ou qualquer forma de disfunção familiar pode criar uma série de conflitos e feridas emocionais profundas. Essas experiências traumáticas podem ter um impacto significativo na maneira como nos relacionamos com os outros e como nos percebemos.

Mulher fazendo gesto contra a violência doméstica

A violência resultante desses traumas pode se manifestar de diferentes maneiras. Alguns indivíduos podem internalizar a violência, tornando-se autocríticos e autodestrutivos. Eles podem desenvolver uma baixa autoestima, culpa excessiva ou até mesmo se envolver em comportamentos autodestrutivos, como automutilação. Muitas vezes, a pessoa entra em relações abusivas e destrutivas, pois é o único tipo de relação que ela conhece.

Outros podem externar a violência, tornando-se agressivos, impulsivos ou até mesmo violentos em seus relacionamentos interpessoais. A pessoa não consegue tomar contato com suas emoções traumáticas e responde a situações estressantes com a mesma violência à qual foi submetida, passando a se envolver em brigas e atritos, pois assim foi “treinada” para viver.

Como lidar com nossa violência?

Precisamos explorar a origem desses padrões de comportamento e trabalhar para compreender e resolver os traumas que geram essa violência interna. Apesar de não ser um processo fácil, podemos trazer à tona essas memórias e emoções reprimidas, permitindo-nos examiná-las, processá-las e trabalhar para curar as feridas emocionais.

Uma terapia, por exemplo, oferece um espaço seguro para explorar esses traumas familiares e suas consequências. O terapeuta ajuda o indivíduo a fazer conexões entre o passado e o presente, a fim de compreender os padrões de comportamento e os mecanismos de defesa adotados como uma forma de lidar com o trauma.

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Cada pessoa e cada situação são únicas, e o processo de cura pode levar tempo e esforço. No entanto, é importante buscar uma abordagem profunda e abrangente para entender e tratar os traumas com o cuidado que merece.

Não adianta buscar soluções rasas para problemas complexos. Por isso busque apoio especializado e de profissionais que entendam do assunto. Não é porque sua infância ou adolescência foram violentas que sua vida precisa ser.

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