Como descobrir os pontos cegos que nos sabotam

Como disse o filósofo Norberto Bobbio, acreditamos ser livres porém, estamos presos a redes que criam normas de conduta que acabam por dirigir nossas ações. Eu completaria essa afirmativa dizendo que também temos emoções, pensamentos e hábitos gerados por nossas experiências que também nos guiam para determinadas direções. Isso cria pontos cegos que geram comportamentos que sabotam nossa felicidade. É sobre essa questão de pontos cegos que quero me aprofundar neste texto.

Pontos cegos

Olho de mulher branca refletido pelo espelho.

Os pontos cegos são os condicionamentos a que fomos submetidos e que não os percebemos. Esses condicionamentos podem se originar por uma convenção social ou por traumas que vivenciamos em nossa vida íntima.

De maneira geral, os pontos cegos são uma forma de pensar e agir que acreditamos ser natural, ser de nossa personalidade, mas que é incutida em nosso interior pelas experiências que vivemos.

Por exemplo: lembro de um paciente que em uma sessão me contou que sua mãe jamais havia dado nada para ele. Tudo que ele havia ganhado tinha que ser conquistado ou merecido. Ele sempre precisava fazer uma tarefa, ir bem na escola, cumprir metas. Esse tipo de relação gerou uma forma de se relacionar com as pessoas de sua rede.

Desvende a relação entre espiritualidade e autoconhecimento

Sempre que alguém lhe presenteava ou então lhe dava algo sem que ele acreditasse que havia feito por merecer, ele negava ou então sentia que era uma pessoa sem valor. Achava que não merecia a felicidade se não a conquistasse, e isso fazia com que ele sempre se esforçasse para conseguir o que desejava. Não deixava que ninguém o ajudasse, gerando dificuldades para ele.

Esse ponto cego de achar que tudo deve ser conquistado e que nem os pais ou pessoas que o amam devem dar algo de coração gera um obstáculo de nunca aceitar qualquer ajuda ou apoio de ninguém. A pessoa não percebe que está em rede, que ninguém alcança nada sozinho e que em algum momento dependerá da compaixão das pessoas. Esse é um exemplo de um ponto cego que nos sabota.

Pontos cegos e as armadilhas

Mulher branca com expressão pensativa.

Podemos ter a crença de que nossa visão é a correta sobre o mundo, mas isso é não perceber que nossa forma de ver o mundo é apenas uma maneira de enxergar as coisas. E isso faz com que tenhamos pontos cegos sobre nós mesmos. Não entendemos nossas emoções, nossos comportamentos automatizados nem nossas respostas emocionais.

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Se temos pontos cegos, temos limitações e armadilhas que geram problemas. Podemos ter dificuldades de andar no mundo e acabamos gerando sofrimento para nós e para os outros.

Todos nós temos pontos cegos que nos sabotam e não permitem que possamos explorar nosso potencial. Entretanto podemos sair dessa armadilha ampliando nossa visão. Mas como podemos fazer isso?

Ampliando a visão

Mulher branca de olhos fechados perto de árvores.

Para ampliarmos nossa visão precisamos aprender a linguagem das nossas próprias emoções e pensamentos. Podemos fazer isso sozinhos, com muita introspecção e reflexão interior. Porém, com apoio e ajuda de um profissional, avançamos mais rapidamente.

Quando buscamos ajuda de um psicólogo, terapeuta ou analista, conseguimos ter uma outra visão que não a nossa para nos ajudar. Essa visão cobre nossos pontos cegos. É como duas pessoas olhando para um mesmo cenário. Cada uma terá um visão diferente, ampliando a visão de ambas.

Outra forma de ampliarmos nossa visão é quando olhamos a realidade de outras pessoas e entendemos como elas lidam com a realidade. Cada forma de agir e pensar é única e podemos olhar como o outro pensa e se sente para ampliarmos nossa própria visão.

Encontre sua coragem interior com o autoconhecimento

Esse tipo de exercício força nossas crenças e visões de mundo, pois temos que nos colocar no lugar do outro para ver o mundo dele na perspectiva dele. Isso não é se colocar no lugar do outro. Pois isso seria estar no lugar do outro com suas experiências e vivências.

É diferente. O que proponho é buscar entender como o pensamento do outro se estrutura e como ele enxerga a realidade. Como essa pessoa vê o mundo e pensa sobre ele. Essa diversidade do pensamento amplia nossas visões e maneira de pensar.

E ao olharmos o mundo de maneira ampla, ampliamos também nossa visão interna e a percepção de nós mesmos. Podemos nos permitir ampliar nossa visão. Ampliar como nos olhamos, como olhamos as pessoas, como olhamos o mundo, aumentando nosso autoconhecimento e a forma como entendemos quem realmente somos.

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