Medo irracional x Medo natural

O medo é algo natural de nosso corpo, ele serve para a manutenção do corpo e é nosso instinto básico de preservação. Essa definição nos diz que o medo possui seu lado positivo; no entanto, devemos saber diferenciar do medo natural (necessário ao organismo) e o medo irracional.

O medo irracional nos tira a alegria de viver, consome nossa felicidade aos poucos, à medida que retira nossa confiança na vida e em nós mesmos. Esse medo irracional geralmente é confundido com o primordial.

O medo primordial é também natural. Podemos exemplificá-lo da seguinte maneira, imagine enquanto você lê esse texto e de repente um leão aparece em sua frente. O medo natural fará você aumentar seus batimentos cardíacos e ter vários efeitos fisiológicos, pois é fundamental para que você reaja frente a tamanho perigo.

O medo irracional é quando sentimos o mesmo medo ao ver uma barata, que sentimos ao ver o leão. A barata é inofensiva e não pode nos causar mal real. Podemos ampliar essa compreensão desse fato quando temos o mesmo medo frente aos problemas de nossa vida, sejam eles da origem que forem.

Não estou falando sobre os medos reais e que representam verdadeiramente algum mal. Falo sobre os medos irreais, de acontecimentos imaginários que ocorrem quando colocamos nosso pensamento no futuro.

Um exemplo disso seria seu chefe chamar você na sala dele para uma conversa e você já imaginar que será demitido. Veja que o medo se instaura em nós de maneira ilógica.

Esse medo pode ter sido colocado em nós durante nossa infância. Através de pensamentos limitadores, como por exemplo, o mundo não é um lugar seguro, as pessoas não são confiáveis, homens são todos ruins, etc.

Esses pensamentos acabam criando nossa visão da realidade, fazendo uma espécie de funil para a realidade observada. Diminuem nossa capacidade de ver nas situações aprendizados e momentos de sabedoria.

Ficamos a mercê desses pensamentos e, o pior, acreditamos que, esses pensamentos sabotadores que foram incutidos em nós, são na verdade nós.

Pensamos que somos ansiosos, quando na verdade temos pensamentos de medo do futuro; pensamos que somos inseguros, quando na verdade temos pensamentos de falta de confiança; pensamos que somos medrosos, quando na verdade temos pensamentos de medo intenso.

Esses padrões de pensamentos, as quais podemos chamar de crenças limitantes, limitam nossa forma de ver a vida.

Mas aqui vai uma boa notícia: você é capaz de mudar seus pensamentos, o seu padrão mental.

Muitos terapeutas utilizam as afirmações positivas como forma de mudar esses padrões. Condicionamos nossa mente a uma nova verdade, a uma nova realidade, através da repetição das afirmações.

Outra maneira é submeter a nossa mente ao estado meditativo, pois nesse estado conseguimos observar os pensamentos e compreender que eles, os pensamentos, não são na verdade nós.

Seu pensamento é como uma gripe sua, ela não é você, mas com certeza é sua. Nossos pensamentos não são nós, mas sim as lentes que usamos para enxergar a realidade. São nossos olhos da mente.

Termino com a brilhante frase de Eckhart Tolle em seu livro o Poder do Agora (1997) que resume bem essa questão: "Identificar-se com a mente, o que faz com que estejamos sempre pensando em alguma coisa. Ser incapaz de parar de pensar é uma aflição terrível, mas ninguém percebe porque quase todos nós sofremos disso e, então, consideramos uma coisa normal".

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