Sexto Princípio das Leis Herméticas: Causa e Efeito

O Universo está sempre respondendo às nossas ações e sentimentos. Tudo que desejamos dele, podemos obter. Mas também temos um retorno dele sobre as nossas ações, sentimentos e comportamentos. Para entender melhor sobre essa relação, podemos contar com ajuda do Hermetismo, filosofia criada por Hermes Trismegisto. É o Hermetismo que vai trazer respostas sobre nossas atitudes diante das pessoas e do Universo, por meio dos seus sete princípios. Neste artigo, falaremos sobre essa relação entre o que fazemos e o que o Universo nos retorna como consequência. Esse é o sexto Princípio Hermético: o de Causa e Efeito.

Tudo que fazemos tem resposta. Nada passa batido. Se saímos na chuva, vamos nos molhar, ou ainda podemos ficar resfriados. Até mesmo o pensamento nos traz um efeito. Se pensarmos sempre em coisas ruins, atrairemos coisas ruins. E, embora a força do pensamento esteja ligada com o primeiro princípio (Mentalismo), todos os princípios herméticos – assim como todas as coisas – estão interligados. E a atração dos fatos não deixa de ser uma consequência daquilo que pensamos.

Cabe aqui pensarmos criticamente em relação às nossas ações sobre o mundo, as pessoas. Cabe perguntarmos por que estamos recebendo do Universo certas condições. Mas não só isso, e sim perguntar o que estamos fazendo para que isso esteja acontecendo. E, então, deveremos focar a causa, pois, como diz o velho ditado: “É melhor prevenir do que remediar”. E, pegando carona em outro ditado, com um enfoque na consequência do que realizamos, é sempre bom estarmos atentos ao que fazemos e dizemos, pois não devemos fazer aos outros aquilo que não desejaríamos que fizessem conosco também. Por isso é tão importante estarmos atentos à causa. Pois, mesmo sabendo que para toda ação há sempre uma reação, o livre-arbítrio nos permite tomar as decisões. Mas precisamos saber que as consequências virão. Vigie suas atitudes, pois essa é a melhor forma de evoluir.

Além disso, trabalhar na causa sempre nos ajudará a evitar repetições de padrões e construir um futuro melhor. Se hoje somos consequência daquilo que fomos e fizemos ontem, é no agora que precisamos nos aperfeiçoar, para que o nosso amanhã seja uma boa consequência, e não um amontoado de arrependimentos. Enquanto a humanidade estiver gastando energia em apagar os incêndios da vida, sempre viveremos em sobressaltos e medos, que vão gerar culpas, remorsos, mágoas, solidão, castigos e sofrimento.

Causa e Efeito nas religiões

Silhueta de uma pessoa em pé, de braços abertos, ao lado de uma cruz

Esse deve ser um dos princípios mais abordados nas religiões e doutrinas, cada uma a seu modo e de acordo com sua interpretação – seja de forma contemplativa, seja como forma de alertar, seja como a nossa condição humana.

Por exemplo, no cristianismo, nós somos o resultado da criação divina. Isso não deixa de ser uma relação de causa e efeito: somente existimos por causa de Deus. Mas, para os cristãos, Deus não só é a causa, como também o efeito (o alfa e o ômega), então, Ele é o caminho e a razão de tudo.

Mas, falando de forma didática, com a intenção de que olhemos para nossas ações através das diversas vidas que já vivemos, e com a intenção de que nesta vida tenhamos um olhar direcionado para o aperfeiçoamento, temos grandes lições do espiritismo. Se não evoluirmos ao longo das encarnações, sempre estaremos retornando com uma lição a ser aprendida, e quase sempre na forma de sofrimento.

Para o budismo, a vida se rege com base na simultaneidade de causa e efeito – a lei da causalidade, o famoso carma. Entre os budistas, tudo é forma de criar uma causa, e o efeito corresponde à prática dessa causa, seja ela boa, seja ela má. Se você traz infelicidade para alguém, seu retorno é o sofrimento. Mas se fizer o bem, terá de volta prosperidade. É importante saber o que queremos dar ao Universo, pois todo retorno reverbera no todo.

Relação com a ciência

Silhueta de uma pessoa em pé, de braços abertos, ao lado de uma cruz

“A toda ação há sempre uma reação oposta e de igual intensidade: as ações mútuas de dois corpos um sobre o outro são sempre iguais e dirigidas em sentidos opostos”. Quem já não ouviu estas palavras durante as aulas de Física? Esse princípio da ação e reação, a terceira lei de Newton, pode ter relação com o sexto Princípio Hermético.

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Durante seus estudos, o físico inglês notou que, na interação entre dois corpos, um exercia força sobre o outro, que, por sua vez, retornava uma força ao primeiro. Ou seja, a toda ação correspondia uma reação. Por exemplo, ao caminharmos, empurramos o solo para trás, e ele nos empurra para frente. O helicóptero se mantém no ar porque a sua hélice produz a força de sustentação empurrando o ar para baixo, que, em resposta, empurra-a para cima. Um simples teste de pressão em pneus de caminhão é outro exemplo dessa força. Ao bater no pneu, o motorista exerce uma força sobre ele. Reagindo a essa ação, a força do pneu faz com que o martelo inverta o sentido do movimento. Assim, esse retorno indica que o pneu está adequado. Existe uma infinidade de situações – comuns e complexas – em que a ação e a reação estão presentes.

Fazendo essa rápida associação com o Princípio de Causa e Efeito, batemos daqui, e aquilo que se opõe a nós bate de volta. Ou seja: bateu, levou. Nunca acontece diferente disso.

Para o “Caibalion”

O “Caibalion” é o livro ao qual recorre a maioria das pessoas – leigas, iniciadas, especialistas ou mesmo curiosas. Publicado em 1908, com autoria atribuída ao pseudônimo Os Três Iniciados, o “Caibalion” reúne os sete Princípios Herméticos, com uma discussão bastante aprofundada.

A obra faz parte de um conjunto maior de ensinamentos místicos, em que residem os fundamentos e desdobramentos da filosofia criada por Hermes Trismegisto.

Assim o “Caibalion” define, na íntegra, o Princípio de Causa e Efeito:

"Toda a Causa tem seu Efeito, todo Efeito tem sua Causa; tudo acontece de acordo com a Lei; o Acaso é simplesmente um nome dado a uma Lei não reconhecida; há muitos planos de causalidade, porém nada escapa à Lei. – O CAIBALION –

Este princípio contém a verdade de que há uma Causa para todo Efeito e um Efeito para toda Causa. Explica que: tudo acontece de acordo com a Lei, nada acontece sem razão, não há coisa que seja casual; que, no entanto, existem vários planos de Causa e Efeito, os planos superiores dominando os planos inferiores, nada podendo escapar completamente da Lei.

Os Hermetistas conhecem a arte e os métodos de elevar-se do plano ordinário de Causa e Efeito, a um certo grau, e por meio da elevação mental a um plano superior tornam-se Causadores em vez de Efeitos.

As massas do povo são levadas para a frente; os desejos e as vontades dos outros são mais fortes que as vontades delas; a hereditariedade, a sugestão e outras causas exteriores movem-nas como se fossem peões no tabuleiro de xadrez da Vida. Mas os Mestres, elevando-se ao plano superior, dominam o seu gênio, caráter, suas qualidades, poderes, tão bem como os que os cercam e tornam-se Motores em vez de peões. Eles ajudam a jogar a criação, quer física, quer mental ou espiritual, é possível sem partida da vida, em vez de serem jogados e movidos por outras vontades e influências. Empregam o Princípio em lugar de serem seus instrumentos. Os Mestres obedecem à Causalidade do plano superior, mas ajudam a governar o nosso plano. Neste preceito está condensado um tesouro do Conhecimento hermético: aprenda-o quem quiser.

Resumindo: este princípio serve como um alerta para as nossas ações, pensamentos, emoções e comportamentos. Tanto para com os outros como para nós mesmos. E não só um alerta para a reverberação do que sentimos, mas também com a forma como direcionamos nossas energias. Não gastemos energia fazendo o mal a alguém. Pois o mal retornará a nós. Se alguém nos magoou, o próprio Universo se encarrega de trazer a resposta a essa pessoa. Alimentar esse processo cria um círculo vicioso, em que só as coisas ruins se proliferam. E não se esqueça do princípio anterior: o Universo sempre arruma um meio de compensar os desequilíbrios.

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