A habilidade que devemos desenvolver para sermos pais

Há 9 meses recebi a notícia de que serei pai. A qualquer momento terei minha filha em meus braços, para que eu cuide dela durante toda minha vida. Mas isso também levantou em mim muitas questões, que contemplei durante esse tempo e que hoje quero compartilhar.

Será que tenho todas habilidades para ser um bom pai? Será que estou preparado para ajudar minha esposa durante o parto? O que preciso saber sobre cuidados com crianças e bebês? Será que tudo isso é instintivo?

Instinto

Homem e menina negros lavando louças.

Normalmente, pensamos que teremos um instinto para cuidar de nossos filhos. Que o pai vai nascer no momento em que o filho estiver ali. Pode até ser verdade, mas comecei a ver que, se pensasse assim, seria uma forma relapsa de agir com a vida dessa pequena que virá preencher e encantar nossas vidas.

Comecei a pensar que deveria olhar para minhas próprias capacidades de ser pai. Notei que não sabia como lidar com uma criança sem romantizar essa tarefa. Ter uma criança é lindo, algo maravilhoso. Mas também teria que ajudar minha esposa, que estaria cansada pelo parto e exaurida pela amamentação. E isso é algo que pode gerar um estresse, pois ela pode chorar a cada 2 ou 3 horas, precisando de cuidados da mamãe e do papai.

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Eu precisaria desenvolver essa habilidade de cuidar e de ter paciência, pois um bebê também exige calma, tranquilidade, resiliência e muito amor. Achamos que o instinto nos ajudará a cuidar, mas na verdade precisamos é nos preparar para esse momento.

Trabalhar nossa habilidade amorosa para sairmos de nós e entendermos que estamos criando um ser que precisa se desenvolver e aprender sobre este mundo que se abre para ele.

Nossas próprias questões

Homem branco com bebê no colo.

Como psicólogo, sei que uma das coisas que acontece é que, ao lidarmos com crianças, acabamos retomando coisas da nossa infância que ficaram malresolvidas. Tendemos a remontar as questões da nossa infância no contato com os pequenos.

A terapia é algo que me ajuda nesse sentido, para que eu não projete meus desafios em minha filha.

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Podemos projetar aquilo que desejamos da vida e do mundo em nossos filhos se não soubermos quais são nossos traumas infantis e dificuldades emocionais que carregamos.

Com isso, sei que preciso entender que a personalidade dela e suas experiências serão únicas. Preciso me preparar para conhecer esse novo ser que virá a este mundo sem depositar expectativas ou desejos que poderão gerar dificuldades para ela.

Autocentramento

Homem segurando bebê.

Ser pai é realmente desenvolver a compaixão amorosa. Normalmente, a mãe passa 9 meses carregando essa criança, e isso se desenvolve durante esse tempo. Não posso aqui falar sobre a experiência da mãe, pois, como pai, só vivencio a experiência de pai. Imagino que, para a mãe, que precisa fazer um investimento físico e emocional durante 9 meses, essa conexão é construída desde o primeiro momento em que ela vê seu corpo se alterando.

Para mim, ao ver a alteração no corpo dela, as roupas e os acessórios de bebê, as ecografias e tudo mais, essa conexão começa a ser construída dentro dela. Essa imagem onde amor e carinho se ligam.

Quando eu olho a minha esposa, sinto um pouco de inveja. Inveja de sentir nossa filha no ventre, de poder se conectar com mais profundidade, de poder realmente já estar em contato com ela.

Eu, daqui, apenas me conecto com o momento. Me preparo para o momento em que ela vir. Ajudando a minha companheira e futura mãe a passar pela dores, contrações e dificuldades de locomoção, da melhor maneira possível.

É preciso sair do que eu desejo para entender o que ela precisa. Olhar para a mãe que carrega a bebê é um exercício de sair do autocentramento que vai se amplificar para a vida com minha filha.

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Tenho que olhar o mundo como a minha esposa vê. As coisas das quais ela precisa e necessita, abdicando de muitas coisas que eu gostaria para atender o que é prioridade.

Com os filhos, creio que seja assim também. Entender o mundo deles, que estão vivenciando pela primeira vez. Essa saída de autocentramento é sair do que a gente acha que é certo e correto e da nossa visão de mundo para imergir no mundo do outro, de como ele enxerga a vida e de como interpreta suas experiências.

Sair desse autocentramento é ouvir com atenção e estar presente quando quiser minha atenção. Ser pai é sair de si mesmo.

Não ser perfeito

Homem e menino negros comendo.

Por fim, creio que ser pai é também não achar que não errarei. O erro é algo que faz parte de nossa vida. Saber que falhas vão ocorrer e que terei, muitas vezes, que aprender com os erros que cometerei com ela.

Ela também precisará aprender no seu tempo que seus pais não são perfeitos e que está tudo bem com isso. Afinal não somos máquinas, mas sim pais humanos, com suas histórias, potências, falhas e afetos.

Mas qual seria a habilidade de que precisamos desenvolver para ser bons pais?

Creio que o real interesse pela vida desse ser. O entendimento que precisamos não apenas dar nascimento físico para essa criança, mas nascimento emocional, profissional, psicológico, saindo, assim, de nós mesmos, pensando na vida dessa criança como um todo e ajudando-a nesse florescer, nesse crescer e desenvolver, pois, afinal, além de pais, somos os guias e exemplos para essa criança.

Essa é minha experiência como um futuro pai à espera de sua amada filha. Qual é a sua?

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