Desenvolvendo uma mente compassiva e pacífica

Basta que alguém nos feche no trânsito, que nos diga palavras ásperas, que não nos considere, que nosso chefe nos repreenda ou que as coisas não saiam como esperamos para que a raiva e a ansiedade se manifestem. De maneira geral, estamos treinados para esse tipo de reação.

Isso acontece porque em nossa sociedade treinamos a ansiedade, a responsividade, a agressão. Não somos treinados para manifestar a compaixão, a bondade ou a empatia. Essas capacidades são consideradas menores em nossa sociedade. Como se de alguma maneira a capacidade de ser mais agressivo nos negócios ou nas relações nos tornasse mais eficientes.

O incentivo à competitividade gera em nós a visão de que o outro é nosso inimigo ou rival e que devemos fazer de tudo para sermos melhores. Assim as características de exclusão e de competição se acentuam e criam diversos obstáculos.

Ficamos cada vez mais ansiosos, angustiados e solitários. Olhamos o mundo e achamos que devemos pensar primeiro em nossos desejos e depois em nossas vidas e necessidades. Se sobrar algum tempo, eu olho para o outro e vejo do que ele precisa.

Mulher sentada de frente para janela olhando para fora

Contudo as capacidades emocionais de calma e tranquilidade são cada vez mais demandadas em nossas relações sociais. As pessoas seguem carentes e demandam isso dos outros. Se entendemos que podemos ser uma fonte de alívio do sofrimento das pessoas, veremos que nossa vida pode ser muito mais fácil. Quem se dedica apenas a si não encontra auxílio nos outros, mas quem se dedica aos outros sempre encontra apoio na rede de pessoas que cria.

Precisamos aprender a desenvolver a habilidade de nos mantermos tranquilos diante de situações turbulentas. Só conseguiremos fazer isso se treinarmos nossa mente para a compaixão e para a bondade que existe em nós. Todas as emoções que habitam em nós são como a capacidade de ler. O ser humano nasce com essa capacidade, mas precisa que seja desenvolvida por meio de estímulos e treino.

Da mesma forma, a paciência, a serenidade, a bondade, a empatia e a compaixão precisam de treinamento. Precisamos treinar a maneira que olhamos para as pessoas e para o mundo. A mente que treina a impaciência será impaciente. Isso é muito óbvio se olharmos dessa maneira.

Mas constantemente cobramos que as crianças sejam quietas e tranquilas, mesmo que nós não sejamos. Queremos que elas se comportem e que não sejam ansiosas e agitadas. Porém toda a nossa sociedade é ansiosa e agitada. Então como podemos ter essa exigência com nossas crianças se nem nós a atendemos? É preciso treinar nossa mente, nossa paz interior, nosso coração compassivo para podermos ver que a vida fica muito mais fácil com essas capacidades sendo manifestadas.

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A facilidade do nosso caminhar pelo mundo se dá porque todos nós precisamos de pessoas que nos ajudem e se interessem por nossa vida. Que tenham um interesse genuíno em ajudar e cuidar. É por essa razão que Dalai Lama disse que o mundo precisa de mais curadores e não pessoas de sucesso.

Não precisamos de ganhadores de um jogo, mas sim de gente que manifeste compaixão e que cuide das pessoas. Essa é a forma de manifestarmos a sabedoria que habita em nós. Por isso precisamos desenvolver essa capacidade de olhar para além do eu. Se olharmos os outros e treinarmos com práticas meditativas e contemplativas, aprenderemos a aquietar e acalmar nossa própria mente.

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